24.9.07


(aguarela sobre papel, sem data)

para o meu desamor um novo ângulo
um lugar abstracto de copa aberta
o sangue pisado
a cal viva

as palavras cegas do poema.

22.9.07



(aguarela sobre papel, anos 80)

21.9.07

(revisão por luís)

Sopras-me nos lábios
a sombra dos grifos

deixas-me a pele rasa
um corpo fóssil
na garganta do rio.

para F.

18.9.07

(revisão por at)

sopras dos meus lábios
a sombra do voo dos grifos
os veios das escarpas

deixas-me a pele rasa
um corpo fóssil
na garganta quebrada do rio.

17.9.07



finge que sopras dos meus lábios

a sombra do voo dos grifos
os veios das escarpas

e deixa-me a pele rasa
um corpo fóssil

na garganta quebrada do rio.

13.9.07

(detalhe, aguarela sobre papel)

12.9.07


© pedro morais, 2007


PAINT IT BLACK


o novo blog de pedro morais

11.9.07



(caneta sobre papel, setembro 2007)

tenho cinco pontos fortes a meu favor
a mulher enumera estendendo a mão
sussurrando

(crescem no meu colo crianças de amor desgarrado e desinquieto
mantenho limpa uma sala que é quarto que é leito que é corpo o teu e o meu
que é ventre que é mesa na casa mansa onde não há portas fechadas
onde danço descalça sobre vidros, reflexos e penas
o olhar a pele os seios as mãos o sexo ávidos da tua presença)

cinco pontos fortes
os pés feridos, a cintura amarrada
a ânsia desesperada o olhar desmedido
a liberdade desamparada
e todos os dias morro mais uma vez só
definho sob a tua influência

(it’s a wonderful life)

5.9.07

para o Pampam


(caneta e ecoline sobre papel, 1992)




mulheres outras.

2.9.07



(caneta sobre papel, setembro 2007)

encostada no teu ombro, respiro o odor da tua pele na minha mão
quando afastas sombras do meu rosto como quem desembacia uma vidraça
é quase noite
e a casa de quartos vazios escurece pouco a pouco
passada a hora dos pardais, caladas as cigarras
desligam-se os pulsos dos anseios, entrecruzam-se as artérias do silêncio

e vagueamos pelas divisões esperando ficar sózinhos
cada corpo e o seu vazio
deambulantes, sem saber o que fazer das palavras
o que fazer dos espaços demasiado ocupados
nas horas em que todos os lugares estão tão preenchidos
por tudo o que ainda falta fazer
e a inércia é uma rocha negra onde adormeço de olhos abertos
onde me colhe a madrugada dos corvos infectos
que me devoram a voz, que me arrancam o último olhar.

mas a tua pele cheira a lavanda
os teus dedos perseguem as sombras no meu rosto

e, num relance, sonho que sorrimos.


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