17.1.10


© pedro tudela in I me...mo I


encosto-me na ombreira de alumínio
um néon distancia-me do bulício observo
trajectórias de ausências céleres como balas perdidas
atento se me derrubam logo me levanto
um morto-vivo um corvo arfante um cisne negro
aliso penas distribuo-as por poemas
capturo-as em ecrãs de cristais líquidos
nada por revelar
diante de nós um percurso sobre estacas
uma manhã de inverno
atento se me traga o vazio
logo me levanto atento
se me enlaças
as falanges
a arcada do torso
o sexo.

7.1.10


DrGica in pescada nº5

4.1.10

tento afastar-me iludir impressões químicas
um gesto atrás do outro uma pulsão sobre o diafragma

abro as mãos em concha sobre os olhos
coloco-as na extremidade do ouvido
uma corneta acústica para lá da massa da paisagem
determino depressões profundidades atmosféricas
emergindo de uma caixa cega onde reservo
pontos de fuga
poeiras que lembram o estio
socorrendo-me de palavras para um poema de ano novo
como quando dizes

o teu cabelo curto ao atravessares o bairro das oliveiras
o pano que cobre a tua pele o mar da palha.

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