14.3.10

nenhum lugar após o outro
casebres barracas taludes secretárias vazias
busco a paragem não tenho tempo de respirar
nas mãos pesam-me os cadernos curvam-se-me as omoplatas
folhas sem mácula estreitam-me a faringe
imprimem-me no colo o seu esqueleto cravam radículas e eu
para me libertar componho fonogramas
outras vezes visualizo
pequenas tábuas escurecidas com tintas a óleo imagino-me
sentada na asa de uma sombra de pincel na boca
as mãos sujas de pigmentos
azul de Prússia
rosa cal
terra de Siena queimada
sanguínea
imobilizo-me observo-te em crescente distância
não sei como remover estorvos
componho o vestido desgasto-me
circular tão circular não digo o que sinto
não quero escrever não quero recomeçar
não quero prosseguir estrada fora ainda.


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