22.4.09




(lápis sobre papel, sem data)

se, numa noite de primavera, em Itália.

19.4.09




(acrílico sobre cartão, sem data)

17.4.09


© filipa júlio

hoje, as palavras que me emocionam estão aqui.



coimbra, 17 abril 1969

o conflito que nasceu da palavra negada


16.4.09


(ecoline e tinta-da-china sobre papel, sem data)

12.4.09




(ecoline sobre papel, sem data)

9.4.09



(ecoline sobre papel, sem data)

5.4.09





(estudo para aguarela, lápis sobre papel vegetal, 1986)

estratos de um desenho

3.4.09



(fotocópia, caneta de tinta permanente e ecoline sobre papel, 1986)

paulo sampaio e sílvia pereira

1.4.09

rua fora
os sentidos cercados pelo descompasso da valsa que o rapaz corrompe
uma caixa aberta um trompete um cavaquinho
o revérbero inesperado

a banda sonora que me transporta
à banda da procissão
à banda do baile

à banda da associação
por passadeira de flores
tão solene mordomo da festa
vagas de transeuntes no insólito solar

quão distante estou de Palermo dos Balcãs do Minho
desenho mulheres e rapazes adormecidos
é tão mais fácil fixar quem não nos toma de assalto

a mulher que desenho parece um pássaro
um desses corvos-marinhos que a temperança trouxe aos baixios do rio
avisto-a por entre canaviais

ensopo os sapatos ao caminhar na sua direcção
sem ensaio nem suporte nem muleta volante
tem as sobrancelhas as pálpebras o cabelo o casaco de malha negros
na pele condensa-se uma nuvem
sobe o nível da água até aos maxilares desmancha-se-lhe o casaco o sexo
cheira a grafite e aos meus olhos acorrem imagens como manchas de óleo

bosques de papiro o cordame de uma vela
o meandro de um ímpeto a ausência de uma sina
por vezes seria mais fácil dizer palavras numa outra língua como

walls gone over the sea
imaginar quatro paredes abertas ao vendaval
desaparecer entre elas e surgir do outro lado
entre o que ouço e o que escrevo o que vejo e o que sei
não tomo notas à medida que caminho
atravesso o parque de estacionamento
a escavação arqueológica
o lajedo do refeitório do colégio
os estratos compostos por escombros
um escudo vinte e cinco tostões garrafas de plástico muros de pedra
uma superfície intacta de reboco feito à colher
o programa do procedimento o caderno de encargos

tapumes palas sobre os olhos as árvores derrubadas na praceta
esqueletos nas sombras do Jardim quão distantes

e próximos de mim que desenho mulheres nos bancos do comboio
assinalo os cílios as rídulas os botões o trejeito da boca
o vocabulário visível que me indica
a professora a mulher-a-dias a enfermeira a balconista a auxiliar de educação
antes na plataforma que a manhã cobrira de gelo tendo a serra por encosto
logo depois rua fora caminhando contra vagas de cotão e pólen

no descompasso que lhes reserva cada dia

imagino-as sobre passadeiras de flores.

Arquivo do blogue

 
Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 2.5 Portugal License.