31.5.08



(25 Abril 2008)

a caminho de Favaios

28.5.08

espectáculos extra a 2 e 3 de junho!





CRÓNICA FEMININA



um espectáculo de PALAVRAS LOUCAS ORELHAS MOUCAS
texto e encenação de Laura Ferreira

com Nanci Sousa, Gisela Baltazar, Joana Melo Costa
Laura Ferreira e Rosário Nascimento

de 26 a 31 de Maio, às 21h45
no ESTÚDIO ZERO
rua do Heroísmo, nº 86, Porto
reservas pelos 96 29 65 763 / 91 92 59 935

25.5.08

e se me quiseres escrever saberás o meu paradeiro?

não posso esperar para te dizer que alcatroaram a rua encanaram a água da rega
desfiguraram a igreja caiu a árvore no pátio do colégio a faia no casal do paço
o reboco resiste aos sais na maior parte da fachada
embora se esboroe junto da janela do quarto
na padaria já não se coze pão
reconhecer-me-ias agora que manchas solares tomam a minha pele
queria pensar nelas como plantas que se enraizaram na derme
mas sei que são apenas sombras-radicais-livres
não sei se gosto desta palavra
também não gosto do corrector da aplicação informática
não reconhece outras palavras desorienta-se
e sem querer escrevo o que não pensara

em inglês ou espanhol hesito nas palavras que me contrapõe
desoriento-me
mas que importa houve um terramoto na China tempestades na Birmânia
não há liberdade que lhes valha palavras que os amparem
nem blasfémias que nos salvem aqui chove apenas
todos se lamuriam como sempre se lamuriaram
nestes pequenos desgostos na nacional mesquinhez

não saberás por isso o meu paradeiro
agora que fumam vides e oliveiras na fogueira que me aquece quartos e salas
o castanheiro ensombra o quintal que a grama invade
demoliram a casa dos vizinhos e constroem uma outra portuguesa-com-certeza
grosseira como o técnico licenciado por universidade vetusta
assim subscreveu o risco que a suporta
responsabilizando-se perante o órgão eleito por voto universal
não há blasfémias que nos condenem palavras que nos salvem

aos poucos cerca-me a vida tal como ela é

e sei melhor quem sempre fomos
ainda que esteja certa de que não saberás o meu paradeiro
não faço plásticas não injecto toxina botulínica do tipo A não me escondo
estou na primeira linha de fogo.

21.5.08

quantas vezes em maio a secura trouxe o travo dos incêndios no estio
na tua boca quantas vezes o silêncio
das tuas mãos embaraçadas na minha cintura.


(maio 2008)

20.5.08

SAYED

ler mais, aqui.

18.5.08


© maria paes

pelo carreiro fora a mulher entrança ramagens de vinca florida

que uma criança coloca no colo sobre os cabelos

levam o almoço aos jornaleiros que andam à batata

passam sob oliveiras e azinheiras em flor por campos de favas

a mão da mulher aponta as violetas as ervilhas-de-cheiro

os bichos-da-conta tufos de pão-e-queijo por entre as pedras dos muros

prímulas perfumadas que colhem na volta da tarde

primaveras.


ao revê-las assim não me pesam tanto as sombras

aquelas que estão no fundo do colo junto ao esterno

as que são a razão para a flecha do diafragma sobre o ventre

as que me arqueiam a coluna e deformam as palavras.

15.5.08

hoje, para a Rosa.

© pedro morais





nesta revista participam, entre outros:

André Lemos
Diniz Conefrey
Filipe Abranches
José Abrantes
José Carlos Fernandes
Pedro Leitão
Pedro Morais / Cláudia Santos Silva
Pedro Nora / Jessica Khane
Roberto Gomes / José Carlos Fernandes
Susa Monteiro

11.5.08

acorda
já te desconheço
vê as mãos que não cabem nos bolsos
os tornozelos que rompem meias os cotovelos encaixados na cintura
o amplexo dos braços maior que o diafragma maior do que um beijo
o pescoço erguido como o caule dos lírios
acorda
tens os pés fora dos lençóis a respiração breve
as palmas das mãos abertas como cartas
e sou eu quem já te desconhece
tão distante do pedregal coberto de tojo e de giesta
das pedras lisas onde imaginas o curso de todos os outros caminhos
acorda

caiem ramagens de vinca aguaceiros flores de relento
eu também caio não quero amparo

acorda.

5.5.08

hoje, para C.


(tinta-da-china sobre papel, maio 2008)
menina-limão



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e ler aqui

4.5.08



inquieto-me.
meço o quadriculado das aberturas o perímetro do crâneo
onde passam a par têmporas e orelhas
passam mãos omoplatas ancas e por último pés
inquieto-me

tu já te encontras do lado de lá.



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