24.3.09


(caneta sobre papel, março 2009)

21.3.09

hoje, n'A CASA DA ESQUINA
a partir das 21h


o colectivo Saudosos da Indústria apresenta



COIMBRA_INDUSTRIAL

fotografia [15 unidades fabris da região ]













COIMBRA_INDUSTRIAL, dia 21 - 21 horas


n'A CASA DA ESQUINA

Rua Aires de Campos nº 6 Coimbra

















18.3.09

17.3.09

passeias pelo tablado durante a hora de almoço
como se palavras pudessem lavrar-te um incêndio
ser o álveo da massa solar ao largo de deliberada solidão.
aproximas-te do ocaso com o vagar de quem nada sabe
tropeças feres os joelhos os cotovelos as ventas
rasgas as palmas das mãos a fralda da camisa
e ainda assim
caminhas como se desapertasses as voltas de um corpete
como se ao fazê-lo me agarrasses pelos dedos
em jeito de quebra-luz
o enredo através do qual me descobres de forma tão inoportuna.

14.3.09


(caneta sobre papel, março 2009)

no comboio, o rapaz de gabardina preta.


júnior, joana e gão

por Pedro Morais


de Joaquim Paulo Nogueira



FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Texto: Joaquim Paulo Nogueira
Encenação: Joaquim Paulo Nogueira, Joana Lobo (Assistente de encenação /Dinâmicas de corpo e voz)
Actores: Ana Gil, Filipe Luz, Miguel Santos, Rui Pereira e José Carlos Pontes (pianista)
Música original: José Carlos Pontes
Espaço Cénico e Figurinos: Isabel Alves Mendes
Espaço sonoro: Hugo Guerreiro
Graffitis: Marco Almeida
Iluminação: Marinel Matos
Sonoplastia: Dina Marques
Luminótecnia: Carlos Casimiro e Élio Luís
Cartaz/Programa: Tiago Alves Mendes /Magnésio
Direcção de Produção: Élio Luís
Tradução do telefonema de Mirov: Valentina Naumyuk do Grupo RefugiActo
Fotografia: David Marçal e Daniel Lobo Antunes
Produção: AltaCena
Ideia original: Joaquim Paulo Nogueira, José Boavida e Pedro Alpiarça
Duração: 1h30
Classificação etária : M16
Preço: 7,5 € 5 € Sócios

Apresentações:
Março: 6,7,13,14,21,27,28 às 21h30
Abril: 3,4 de às 21h30

Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul
Av. D. Carlos I, 61 -1º LISBOA
INFORMAÇÕES E RESERVAS: TELF: 21 397 34 71

11.3.09


(caneta sobre papel, março 2009)

a manhã vazou as cumeadas agitou as copas dos eucaliptos
estendeu-se sobre a plataforma sempre vaga do parque de estacionamento
ainda à espera da promessa de subúrbio na margem do rio
prédios e moradias hipotecadas no lugar de olivais
iluminou a condensação do bafo nos vidros entreabriu pálpebras
fez da pele poalha das cabeleiras fulgor subitamente
o inverno termina indago-me
ao contar os lugares vazios que é assim que se contam na locomotiva
os desempregados os doentes
os que faleceram sem aviso prévio
é pelas ausências que se relembram o calendário das festas
o calendário escolar e
ainda que agora cada vez menos
o tempo das sementeiras
o tempo das colheitas.

na vida que se regula pelos horários das ligações ferroviárias
tenho um quintal com camélias um castanheiro laranjeiras
um pinheiro de natal
um outro cor de cinza azul
numa casa velha

uma rapariga um rapaz um homem uma mulher um cão
não sei como contar as ausências não é para elas que vivo
dirão que este poema está pleno de pathos
uma palavra cheia de contradições
a minha vida é em tantas coisas semelhante à vida dos outros
a quem poderão interessar
como se contaminam
no momento em que a manhã vaza os meus olhos
e faz da pele poalha das cabeleiras fulgor.

8.3.09


© filipe paes

diz-me o que visualizas quando escreves

uma página um conto um guião
agora que te encontras com atraso entre o vocábulo da chegada

estridente como um instrumento de sopro numa banda fúnebre mexicana
e a pergunta que te faria

o que vês quando escreves

de olhos fechados

sequenciando o ritmo da tua respiração

aguardando o pensamento que a inquieta e acelera

cada página como o fotograma que o teclado amarra ao ecrã

antes que um outro tu adormeça

ou se distraia por estímulo inesperado

um beijo ou apenas a sua saudade

mas quem se distrai agora sou eu

que queria apenas saber se vizualizas as páginas que escreves

se serias capaz de ditar de olhos cegos

os signos as metáforas os ais

pontuar com precisão

escolher o tipo de letra o espaçamento
sem viúvas nem órfãos
saber o livro como objecto
apontar o grafismo
com exactidão diz-me se de madrugada

podem as paredes do lugar onde escreves com o arcaboiço das palavras

e se com elas se decompõe a casa ou se desfraldam sombras
o tecto como um planetário
é o lugar onde escreves uma câmara obscura
com clareza diz–me se
de olhos cegos

serias capaz de ditar as páginas que escreves?

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