4.2.06

estendo um fio de aço entre os pensamentos
que pressinto no silêncio
e o meu desejo de não soçobrar
nessa cota de reflexão melancólica.

o fim da tarde revela-se na luz esboroada
que cobre os rebocos da fachada do velho colégio
mas é nas folhas de papel vegetal estendidas sobre a mesa
que percorro as geometrias oblíquas dos projectos
desenhados no reflexo do que sou,
do que desejo ser
e permanecer.

desenho grafitados
que as ideias mais precisas atravessam
com linhas finas de cor sépia

e que o meu olhar traz manchados
pelas palavras da estória que me cabe neste momento

a tinta da china, ou a tinta permanente
numa dialéctica matizada por tantas palavras por dizer,


estendo um fio de aço sob esse espaço
e nele procuro o balanço adequado

aos passos que, hoje,
quero dar.

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