chego tarde evito a quarentena dos aflitos
arrumo o quarto a secretária os elos os sobressaltos a crónica da anemia
aliso a cervical de esguelha observo quem se aproxima
no mouth no neck no rest
observo raparigas que lêem
hoje uma caiu nos braços de um rapaz tranquilo amparámo-la até chegar o INEM
a gabardine do revisor protegeu-a quando chovia
ao atravessar o cais para a praça de táxis
revejo a imagem de um outro rapaz que lia Virginia Woolf apoiado
no estofo azul dos bancos da locomotiva
tem agora os pés salgados pela água do estuário
levado por um rio de prata por peixes estranhos
por tantas melodias e eu
desenho estruturas metálicas pontes passadiços plataformas
desenho raparigas que lêem nos transportes públicos desmaio
ultrapasso os condicionalismos da minha mobilidade
não tenho carta nem rota
a linha imaginária entre dois estratos em silêncio.
9 comentários:
Que bela a tua inquietude.
~CC~
confirma-se, este também é para mim. vou guardá-lo.
adoro
Se numa noite de inverno um leitor/viajante.
Um amigo enviou-me o endereço do teu blog. Adorei. Deste-me força com a tua poesia neste dia cinzentão da minha vida. Vou fazer qualqer coisa...que outros chamam de arte. Para te agradecer a inspiração e ajuda...logo te envio algo...feito hoje...
Obrigado!
afonsorochaescultura.blogspot.com
quando a leitura se transforma em imagens...
Gosto imenso das palavras.
Das imagens também.
"no mouth no neck no rest"
: so sad.
apetece-me embarcar.
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