31.1.08


© margarete

na entrada do quarto encontro troncos de árvores que
como vasos sanguíneos atravessam o chão que me ampara
e o tecto que me cobre
enquanto afasto do meu olhar folhagens imaginárias.
quando chegar o último sono de inverno
por entre as sombras da mata e o voo dos corvos

quero sentir os teus joelhos dobrarem as minhas pernas
enquanto me abraças os ombros a partir dos cotovelos desarmados
inclinar o rosto sobre o teu peito e sentir as tuas mãos recolherem
da minha face a caligrafia dos terrores diurnos

e sentir na pele a luz a terra húmida e perfumada.

15 comentários:

Scarlata disse...

Muito bonito, como sempre.

;)

isabel mendes ferreira disse...

a tuA ESPECIAL CALIGRAFIA....ESTÁ no piano.


aqui soletro a face da beleza. de saber ser.


beijo.


obrigADA.

margarete disse...

«inclinar a face sobre o teu peito e sentir as tuas mãos recolherem
da minha face a caligrafia dos terrores diurnos»

vou levar este poema comigo, blue ***

Mar Arável disse...

Qundo as árvores se inspiram

soltam pássaros

musicalidades

Unknown disse...

De tudo o que estive a ler, este é definitivamente um espaço onde me sinto bem. Obrigado pela escrita. Obrigado pelas palavras. Obrigado ao Piano por me ter proporcionado estes momentos.

Quem me dera ter uma jukebox aqui disponível para escolher canções com mais ternura para ouvir e partilhar. Resta-me o iTunes. :)

marisa disse...

continuo a ler, a ver. a apreciar, a gostar e muito.

um beijo

MOLOI LORASAI disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manuel Veiga disse...

belo o rosto sobre o peito. e o exorcismo dos terrores diurnos...

musical. como teclas de um piano. dedilhado...

Gi disse...

Troncos feitos mãos

o amor feito raíz.

Deixas aqui uma árvore. A da vida

beijo

(Lindas as tuas magnólias)

velha gaiteira disse...

Que bem que me fez entrar neste 'cheiro' a primavera!
num Domingo de Carnaval tristonho e feio.

abração

Isabel Victor disse...

Que suavidade ...

que beleza !



(com dificuldades de tempo e de acesso tenho passado de fugida, mas, encontro sempre AQUI algo que me prende ...)

Bj* Blue

iv

trutasalmonada disse...

se ontem não tivesse sido ontem, e hoje fosse muitos ontens atrás, estas seriam as palavras que me vestiam em tons de festa...agora estas são as palavras que me despem em tons de despedida e ausência...até outro hoje

ff

Laura Ferreira disse...

...enquanto caem as flores
e caem
e caem.

hora tardia disse...

vim. re.sentir tua luz.


perfumada. de todo o branco.

o mais puro.



e re.agredecer.Te.

Menina Limão disse...

gostei muito deste poema. sublinho exactamente o mesmo que a margarete.

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