(caneta sobre papel, setembro 2007)
encostada no teu ombro, respiro o odor da tua pele na minha mão
quando afastas sombras do meu rosto como quem desembacia uma vidraça
é quase noite
e a casa de quartos vazios escurece pouco a pouco
passada a hora dos pardais, caladas as cigarras
desligam-se os pulsos dos anseios, entrecruzam-se as artérias do silêncio
e vagueamos pelas divisões esperando ficar sózinhos
cada corpo e o seu vazio
deambulantes, sem saber o que fazer das palavras
o que fazer dos espaços demasiado ocupados
nas horas em que todos os lugares estão tão preenchidos
por tudo o que ainda falta fazer
e a inércia é uma rocha negra onde adormeço de olhos abertos
onde me colhe a madrugada dos corvos infectos
que me devoram a voz, que me arrancam o último olhar.
mas a tua pele cheira a lavanda
os teus dedos perseguem as sombras no meu rosto
e, num relance, sonho que sorrimos.
2.9.07
Posted by blue at 2:57 da tarde
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7 comentários:
"desligam-se os pulsos dos anseios, entrecruzam-se as artérias do silêncio
e vagueamos pelas divisões esperando ficar sózinhos
cada corpo e o seu vazio (...)"
__________________
Desenho
Palavras
dança
rodopiante
num chão de aromas e brilhos
em sintonia
em harmonia ...
________
adorei
b*** **
Lindo, lindo. ;)
acho este especialmente belo! Belíssimo!
bjs
marisa
da simbiose entre palavras e traços.
um belo concerto de pétalas
suas imagens arrrancam-me uns impactos súbitos de introspecção...
o dono desse ombro me evoca aquela presença tão fundamental, feito âncora, em dias de tempestades.
para mim, falar de corpo é falar de alma também, não acredito que haja uma (cruel) dicotomia entre ambos, como nossa cultura prega.
mas, confesso: tenho medo da alma pura, talvez por isso escolha falar dela filtrando-a com o corpo.
bjos!
e da palavra e imagem
retenho os cheiros acesos.
(...)
desfragmento os sentidos
para te perceber melhor.
beijo
**
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