(estudo, tinta da china e lápis, 1992)
fixa-se na vidraça o reflexo bamboleante das luminárias urbanas
vozes de giz partido enchem a carruagem do comboio
em que me adormeço
e, soturno, metálico, chega o almocreve dos desamores cíclicos a que me voto
indolente
(as mãos suam tintas de jornal
butterflies, sussurra-me o ventre)
e por instantes desassombrados julgo escutar
l'ascenceur pour l'échaffaud
(miles away from you, sussurra-me o vento)
porém, traz hoje dias como ardósias quebradas
onde baloiçam os estranhos frutos da ignomínia
rejubilam vermes com o temor dos homens renovado
sustentam-se trivialidades no bafo húmido das crónicas
trocam-se trunfos, medem-se armas
negoceiam-se tormentos assassinos.
(oculta-me a noite o ponto de fuga deixa-me o desalento)
fere-se na vidraça o reflexo decomposto do meu rosto
no regresso a casa
há horas em que estar feliz
é quase complacente ausência
5.1.07
Posted by blue at 5:30 da tarde
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2 comentários:
blue, não resisto, vou levar parte deste post para o acknowledge
(espero que não haja inconveniente)
obrigada
engraçado, antes de ler este teu comentário, visitei o acknowledge.
é claro que não há inconveniente, agradeço a honra:)e, como já comentei no teu post, espero que a ausência seja breve. e acrescento: que traga frutos!
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