7.1.07

eis-me face ao teu rosto claro:

o meu corpo quebrado como uma planta recentemente colhida.
a boca entreaberta, apavorada,
fugindo da tua pele,
perdendo-se nos teus cabelos,
quasi abandonada pelo teu cheiro embriagada,
enforcando-se no rasto do teu olhar,
para sempre encerrada nesse desejo de te beijar.

e os meus olhos,
em cujo destino busco o movimento irresistível:
as pálpebras cerradas como da noite se tratasse,
erguendo-as lentas e sossegadas,
deslumbrando um olhar como único dia,
para que nele a tua vida afogasses.

e os meus olhos venenosos,
buracos para que em mim te debruces,
fatais e sem outro destino
que não o de um tombo eterno e sem retorno.

e os meus olhos entristecidos.
e os meus olhos sós.
deles fugiste como se do diabo se tratasse.

1 comentário:

blue disse...

mais um de 1992.

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