cedo à diuturnidade de um registo longínquo
à campânula de silêncio construída pelas vagas
que o Atlântico empurra contra o paredão
pouso os pés no tabuado que reveste a varanda
a luz é uma duna migratória na manhã de domingo.
pelo areal fora a maré afunda-se nas baías de granito
da praia de Afife até ao Forte do Cão
evito os bivalves as conchas azuladas
as carapaças dos ouriços-do-mar as lapas
não sei de que quadrante soprará o vento e
antes que me varra e desconforme
apresso-me a inspirar o perfume da esteva
do sargaço-manso
do estorno
da camarinha
que já se aproxima o Estio
e logo logo adormeceremos nas areias do pinhal.
no sopé da serra os terraços são também de granito
neles crescem castanheiros carvalhos loureiros
hortênsias azuis nas bordas dos muros capeados de hera e rosas vermelhas
cuida-se do arvoredo fustigado pelo sal das nortadas
do composto para o pomar
do jardim de laranjeiras.
daqui até à Serra d’Arga vai um canto cujas palavras já não recordo
um dizer que fica guardado no avental de puxados da lavradeira e
na hora em que me vou
já ninguém passeia bois pela canga
nem se estrumam campos com sargaço.
(caneta e tinta-da-china sobre papel, maio 2009)
31.5.09
Posted by blue at 11:27 da tarde
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5 comentários:
Belo, Claúdia! Bela viagem qua as tuas palavras proporcionam. E o teu traço como sempre acompanha a beleza das tuas palavras.
Sempre por aqui estou, sempre
beijos e saudades
marisa
conheço afife, carreço, serra d'arga, forte do cão como a palma da minha mão. vivi lá durante 3 anos. com o verde até ao mar. lindo.
Abaixa-te ,ó Serra de Arga
Que eu quero ver São Lourenço
Quero ver o meu Amor
Acenar-me como lenço!
Menina do lenço preto
Diga quem foi que morreu
Se foi pai, ou se foi mãe...
que por ela morro eu.
obrigada, Anónimo.
Deste gostei. Muito!
Bj
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