18.2.09

galgar o céu de vinil até ao outro lado da estação
como se numa noite de inverno
pudesse transpor detritos bilhetes taras perdidas
as folhas dos jornais do arvoredo do Parque
as paredes carcomidas por cartazes e grafitos
agarrar-me ao cabo do guarda-chuva equilibrar-me no balanço das varetas
seguir pelo centro do asfalto o risco a corda bamba
e segurar-me às abas do sobretudo que as tuas mãos teimam em desapertar
como uma vela uma modalidade radical
o corpo engolfado a camisa desabotoada o gancho que se solta do cabelo
o chapéu os gomos da saia o cachecol
as pálpebras que enegreço
os dias antes do equinócio.

10 comentários:

CNS disse...

O detalhe das tuas palavras, suga-nos. Sentem-se as cores,o movimento. Belo. Como sempre.

marta (doavesso) disse...

tem movimento. gostei muito muito.
beijo grande

Anónimo disse...

blue, espero ansiosamente todos os dias pelas suas palavras...para quando um livro?
Susana

Mar Arável disse...

No centro do asfalto

o equinócio

que solta os cabelos

Belo texto poético

como sempre

Portaria59 disse...

Bom blog

Anónimo disse...

Belíssimo, com sempre!
Ai o livro!!!... sim, para quando?
beijo
marisa

Anónimo disse...

por falar em livro... não estará por acaso este poema relacionado com um determinado livro? :D

Pedro S. Martins disse...

Galguemos o mundo.

AnaMar (pseudónimo) disse...

...um guarda-chuva para dois e um sobretudo habilmente desabotoado.

Laura Ferreira disse...

Lembrei-me tanto de uma música, com estas tuas palavras...

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