23.11.08


trazes o semblante das pequenas ausências
sentas-te na mesa usas palavras de pelica levanto-me
penso na nuvem de papel de arroz na crina gasta do pincel
sobre a boca a tinta-da-china uma atadura de estopa tecida de silêncios
passo a passo atravesso na longitude o passeio que de ti me reserva
ficas parado
no contracampo movem-se árvores o gradado que circunda o jardim
passo a passo atravessa-me a tua respiração como uma lâmina
sinto o fôlego da falésia o arremedo da fraga por momentos
é como se não percorresse estas artérias
como se não estivesse retida no tráfego das palavras inúteis
nos advérbios de modo
e fosse a nuvem de papel de arroz sob a crina gasta do pincel
a boca os olhos a tinta-da-china a velatura
o desassossego.

12 comentários:

hfm disse...

Gostei muito desta "atadura/velatura" do desassossego!

hugo besteiro disse...

bom poema! e fotos :)

CNS disse...

O desassossego da tua poesia rasga a indiferença.

AnaMar (pseudónimo) disse...

Sublime.

O desassossego da inconformidade.

Anónimo disse...

Muito bom, mesmo.

Anónimo disse...

Bem...Brutal!

Adorei...excelente decomposição...


Voltarei.

Agradeço a partilha.

Mar Arável disse...

O desassego

sempre foi criativo

Anónimo disse...

Continuo a mergulhar regularmente na beleza das tuas palavras.
beijo grande

marisa

Natália Nunes disse...

quero muito ver uma falésia, um dia...


beijo.

isabel mendes ferreira disse...

"....e fosse a nuvem de papel de arroz sob a crina gasta do pincel
a boca os olhos a tinta-da-china a velatura
o desassossego!.


___________aqui um advérbio de qualidade.
inteira. inteiro o texto.



abraço.

Laura Ferreira disse...

Porque tardas, Blue?

Um beijinho,

Laura

CCF disse...

Venho sempre ver se há palavras novas, quando não há demoro-me nas antigas.
~CC~

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