(detalhe, acrílico sobre papel, 1990)
o meu corpo transformou-se num recorte de si próprio
por entre os teus lábios, através das tuas mãos.
sinuosa imagem que se isolou sob a ameaça da luz estrondosa vinda do estádio
ainda que só a escuridão me permitisse avistar.
para lá te dirigiste
e eu só soube como desviar o rosto para o lado mais oposto,
desfalecido gesto no pavor de não saber como te abandonar.
quando olhei de novo,
o jogo havia terminado
e as milhares de pessoas vindas desse contra-luz
que devorei para te buscar
não trouxeram o teu corpo.
mais tarde, violentaste o meu tronco claro com tão voraz luz.
negro bater de asas vindo do meu coração
como a dôr prestes a libertar-se
eis como a morte me ronda e acompanha
através das perdas que se sucedem na minha vida.
desde então que empalideço, que a minha figura se aclara
que nos meus olhos transpareço
impulso desamparado no tempo
que não saberei como reencontrar.
26.4.07
Posted by blue at 10:33 da tarde
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Arquivo do blogue
- março (2)
- fevereiro (2)
- janeiro (3)
- dezembro (3)
- novembro (5)
- outubro (5)
- setembro (10)
- agosto (9)
- julho (8)
- junho (5)
- maio (10)
- abril (16)
- março (13)
- fevereiro (3)
- janeiro (10)
- dezembro (17)
- novembro (15)
- outubro (9)
- setembro (8)
- agosto (12)
- julho (11)
- junho (8)
- maio (13)
- abril (7)
- março (13)
- fevereiro (8)
- janeiro (15)
- dezembro (9)
- novembro (10)
- outubro (15)
- setembro (13)
- agosto (10)
- julho (14)
- junho (15)
- maio (20)
- abril (17)
- março (23)
- fevereiro (18)
- janeiro (32)
- dezembro (13)
- novembro (18)
- outubro (13)
- setembro (15)
- agosto (12)
- fevereiro (1)
- janeiro (4)
8 comentários:
um dos últimos, um dos de 1992.
muito bom, agora
cláudia. gosto muito
dos teus detalhes.
do tom magoado do
texto. de alguns
versos por que me
interesso: sumários
agudos, percutidos.
(perdoa, mas explica:
'um dos últimos'?)
um abraço.
olá bruno.
entre 1983 e 1992 escrevi um conjunto de textos que, uns anos mais tarde reuni em edição de autor (10 exemplares para os amigos).
por entre o que tenho escrito, tenho vindo a colocá-los no blue molleskin (começaram a aparecer aqui .
este é talvez o último desse conjunto que vou publicar aqui.
obrigada pelo apreço, até sempre.
tudo.
a aguarela.
o voltar as costas.
as palavras.
tudo.
como asas.
pesadas.
marcas.
marcadas.
Blue....
transparece. clara. claríssima.
_______________
beijo.
(piano)
obrigada, piano.
e "violentei" o teu perfil....
mas docemente....
bom domingo Blue.
bom trabalho... bom blog.. sim senhor:) parabens;)
Deixa-me envolver por este intenso abraçar-se ...
Levei-o para as páginas do caderno.
deixo-te um beijo " Na tarde clara do Domingo quente "
isabel
Enviar um comentário