31.1.07

vazio está o homem que a empurra contra o muro
os seus lábios perdem, gesto a gesto, os beijos caídos no colo despido
decepados na curva serena do pescoço
encerradas que estão as mãos como pálpebras sobre o seio arfante
nessa tarde onde jazem sombras talhadas como geométricas manchas
e bordaduras de buxo desenham alamedas na gravilha branca
de pedra são os corpos debruçados sobre um ponto de fuga já ausente
como as vozes que murmuram os planos desencontrados do momento
anti-sequência de memórias
no ano passado, à marienbad.

vazia está a mulher
encerradas as suas mãos, na sua boca rolam beijos como lágrimas
rosto calcário, fenecido
de imaterialidade oculta por um desejo insustentável
tombado sem outra vida que não aquela
que o homem teima em murmurar ao seu ouvido
anti-sequência de memórias
no ano passado à marienbad.

1 comentário:

blue disse...

l'année dernière à marienbad, um filme de alain resnais, 1961.

"Toujours des murs, toujours des couloirs, toujours des portes, et de l'autre côté encore d'autres murs. Avant d'arriver jusqu'à vous, avant de vous rejoindre, vous ne savez pas tout ce qu'il a fallu traverser. Et maintenant vous êtes là où je vous aie mené, et vous vous dérobez encore. Mais vous êtes là dans ce jardin, à porté de ma main, à porté de ma voix, à porté de regard, à porté de ma main".

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