4.11.06

mansa decrepitude que embaraça as ruas do burgo,
nesta tarde de outono cujo tom embaciado de primeira friagem, de primeiro arrepio,
trazem à boca da escrita a melancolia das palavras de cesário.

dias crepusculares, turvos, clamando pela matinal lucidez da luz de inverno,
finda a época da claridade, dos dias longos e descalços
neste outono que se deixou arrastar por cheias e tempestades
navegando aos solavancos na trama dos afectos

uma destas manhãs virá
uma baforada gelada e límpida

varrendo a suavidade dos meios-tons
relembrando os contrastes
os braços nus das magnólias intumescidas
prenunciando rebentos através das camélias apressadas
no jeito da esperança reencontrada
embora nunca e sempre perdida

como esta rapariguinha aninhada no meu regaço,
que cantarola e tagarela com os seus botões
como os dois pedaços de chocolate que embrulhou e escondeu na minha mão
e como o rapaz que desenha
a beleza imperceptível de olhar

lá fora escurece
é tempo de fazer fogueiras.

2 comentários:

Anónimo disse...

blue, obrigada.

rosi disse...

que venha, então, o frio.

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