16.11.09



(caneta sobre papel, novembro 2009)

as mulheres que, em breve, deixarei de poder desenhar, no comboio.

6 comentários:

carlosré disse...

Gosto gosto.
Vais deixar de andar de comboio?

Scarlata disse...

Também gosto e pergunto o mesmo. ;D

blue disse...

:)
a linha vai ser interrompida por uns anos.

Hellag disse...

não me diga que vai passar a andar de carro...(desculpe a brincadeira mas foi logo do que me lembrei!)...mas haverá outro motivo para as suas "linhas" que não serão interrompidas, espero

Anónimo disse...

Deram-me a conhecer o blog... e claro venceu-me a curiosidade e aqui estou... mas não podia passar em vão e como aqui se fala em combóios... gosto de ver a reviravolta que a vida nos obriga a dar às nossas crenças e pensamentos... quem diria que mais ou menos nesta data (11/2009)a mesma pessoa que hoje contribui com a sua arte para um poema que espelha o dor dos utentes do ramal da Lousã seja a mesma que acérrimamente defendeu a vinda do metro... felicito-a pela mudança.. nunca é tarde para mudar...

blue disse...

Caro(a) Anónimo(a).

Obrigada pelo seu comentário.

Agradecia, porém, que não emitisse juízos sobre o que eu defendo ou não para a Linha da Lousã.

Para que não haja equívocos, passo a explicar:

Há um ano, o Ramal da Lousã era uma infra-estrutura degradada e perigosa, onde as pessoas eram amontoadas em velhas carruagens conforme calhava, com atrasos e avarias recorrentes, muitas vezes sem aquecimento no inverno ou arrefecimento no verão, SEMPRE SEM A VENTILAÇÂO ADEQUADA, nunca informadas do cancelamento de uma viagem e da consequente alteração de horário, etc., enfim: há um ano, o Ramal da Lousã prestava um péssimo serviço aos seus utentes, compensado apenas pela presença humana dos revisores e dos maquinistas e pelo ambiente convivial que, no geral, existia entre utentes.

Há um ano, as obras no Ramal - independentemente da solução adoptada - eram fundamentais para a segurança dos seus utentes e a única esperança de virem a usufruir de um serviço melhor - tal como acontece nas vidas dos utentes do Metro do Porto que se deslocam hoje da Póvoa de Varzim, de Esposende, da Sra. da Hora, etc. em condições incomparavelmente melhores às que possuíam antes da sua existência.

Há um ano, a um mês do início das obras já adjudicadas, a "luta" contra as obras do metro, para além de irrelevante de um ponto de vista objectivo, sustentou-se numa argumentação e numa lógica - a meu ver, sublinho - demagógica e populista, para não dizer enganosa, à qual seria incapaz de aderir.

Hoje, muitas das pessoas que então se manifestaram parecem conformadas com a alternativa rodoviária criada. Conformadas, se não mesmo felizes - quem, por exemplo, vem de Serpins ou da Lousã, chega hoje mais depressa a Coimbra.

Ninguém parece importar-se muito com a péssima qualidade do serviço por vezes prestado: autocarros velhos, degradados, sem ventilação adequada, sem arrefecimento no verão, sem sequer janelas que se possam abrir...

Enquanto as vozes da desgraça e a politiquice do costume berram que a obra pára no mês seguinte e procuram a confirmação de todos os medos há um ano propagados, as OBRAS ADJUDICADAS parecem prosseguir a bom ritmo, com equipas a trabalhar ardua e diariamente.

Desconheço se existe algum grupo que se esteja a organizar para pressionar com seriedade o Governo a concluir os concursos necessários para que, pelo menos, os utentes do Ramal da Lousã possam chegar a Coimbra.

Para mim, que era utente diária, o Metro era - há um ano - e é hoje, a única esperança de voltar a circular pela via ferroviária do Ramal da Lousã.

As mulheres sobre quem escrevi e desenhei, os seus filhos, crochés, alegres conversas ou profundos cansaços merecem-me uma enorme admiração e respeito. Merecem-me um voto de esperança, ainda que tão difícil de manter nos dias que correm.

Mais uma vez, obrigada pelo seu comentário.

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