12.8.09

quanto tempo para o silêncio
que se faz acompanhar do sobressalto
o enclave que se oculta no tórax
um ser voraz
que me arranca à quietude artificial da canícula
enquanto da sala espreito o Jardim
ando devagar sobre a alcatifa
organizo pautas no meu crânio
em surdina falo sozinha
parade sauvage pour arthur rimbaud
das sombras olham-me os poetas sentados no canto da mesa
digo sílaba a sílaba
hector zazou
sahara blue

deleito-me com esta interlocução repito-a

embalo-me no som dos tambores entre tímpanos entre versos
quedo-me face aos senhores Edwards
abro o porta-folhas de grande dimensão
sento-me na roda do piano exponho os meus dotes
faço o périplo da cegueira
o zapping dos programas ideológicos da estação
arrumo a mala a correspondência os punhais do desentendimento
e penso que dor obliterara o passado até este deixar de existir
até o presente contornar a dor e esta se transformar em passado
e tu deteres num único momento o poder álacre de mudar a minha vida?

2 comentários:

hfm disse...

Da poésis!

Mar Arável disse...

Saudades do futuro

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