8.7.09



© pedro tudela, in [me...mo]


num quarto de hotel apoiada no esqueleto da vidraça
registo interiormente o movimento que fazes
o estado das coisas tomado de um balcão descarnado
o reflexo da lâmina sobre as axilas
um braço tombado ao longo da nuca
a banheira que transborda sob a massa do corpo
o tanque feito estendal de intimidades absurdas
o cabelo molhado short-back–and-side
o espelho sobre o ladrilho
as camas de solteiro
o banco das malas
o caixilho que se entreabre e depois outro e outro
o rumor que percorre os corredores.

dizes este é um poema a preto-e-branco
digo este é um poema com atraso
corro como alice atrás da vertigem
asfixio desaperto o vestido calço e descalço os sapatos
corrijo o batom eu sei
um fait-divers
e tu aí sim és tu quem interpelo

slow motion.
still life.

4 comentários:

Laura Ferreira disse...

Lindo poema.
Lindíssimo.

Anónimo disse...

Lindo ... Beijo muito GORDO.
Pedro Tudela

Filipa Júlio disse...

fotografias+poema = regresso em grande ao caderno azul!

Anónimo disse...

Belíssimo!
rosi

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