salvo palavras no écran de luz parda faço os backups do desamparo
no terreiro de pó no final do dia
na linha de ferro estrangulada de um dito inconsciente colectivo
circled by the circus sands
o Dylan em Berlim a película do Wenders
água azul numa tela de Hockney
somos brancos diz a mulher indiferente à borrasca
não seremos o ramo genético que sobreviveu na costa oriental
e subiu as margens do Eufrates
não seremos de Babel nem seremos Persas nem sequer Hindus
somos todos brancos repete quem ainda a escutará
que ninguém o faça aflijo-me grito que lhe sequem a língua e os seios
que as minhas mãos ardam em pragas que não haja abrigo
não sou desse jardim e nenhum réptil me perderá
estou sentada numa cadeira de verga coberta de areia
tenho os pés descalços
visto-me de giz o teu olhar é um quadro negro
um solavanco dizes-me é a ossatura da dor inquieta
também para ela não tenho abrigo murmuro
ainda assim mordes os meus lábios engoles as minhas palavras
como quem procura uma dose letal
sem anteparo não somos desse outro jardim
nenhum anjo nos salvará.
17.8.08
Posted by blue at 12:38 da manhã
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10 comentários:
a perfeição existe!!!!!!!
.
aqui.
beijo. in Blue.
imf.
às vezes há anjos que inesperadamente nos salvam.
belíssimo poema.
Gostava de entrar em contacto directo consigo.Poderia ser?
Um dia passeio pelo blogue todo e faço a minha selecção dos seus poemas. Para este já guardei lugar cativo. Tem algo de pathos, de coro grego.
difícil...mas fascinante!
beijos
marisa
sublime my blue valentine,
visto-m de giz, de argila fresca, junto.
braços enrolados nas ultimas asas dos anjos.
ah, mon boiteux, coxo e marvilhoso ser esbracejando na noite escura, descendo o rio .
pego no fio ou no risco, azul.
it's allawys fadding...
sim, perfeito o seu poema.
bjos de Paris.
LM
uM BELO DESENHO
DE PALAVRAS SIBILINAS
Poesia singular e única, alguns poemas ainda mais, deste gostei muito.
~CC~
gosto muito dos que escreves, continua
emiliorobin.blogspot.com
Leio apenas; o silêncio é obrigatório para digerir tudo o que se encontra.
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