10.8.08

intertexto


Lembrem-me as portas e as janelas abertas
os perfumes de que as raparigas guardam os nomes
a linha branca do amanhecer
atravessando os quartos
acordando o sexo os pulsos a voz
o suor nas ruas ninguém tem medo
dos fascistas nunca mais
ninguém tem medo da CIA do Carlucci
do cardeal Cerejeira do cónego Melo do general Spínola
no Rossio no Carmo ninguém tem medo

Quem tem casas vocábulos odes troncos
ramos braços searas está cego pela
trova quente agitando sobreiros e azinheiras
para os quartos as salas as persianas semicerradas
os sociais-fascistas o camarada Vasco
a praça do Giraldo no Toural
para o louva-a-deus no dorso do muro o silêncio
ou um grilo negro nas mãos
não vê quem lá dentro tem medo
quem tem?



obrigada, Luís.

1 comentário:

Menina Marota disse...

Excelente escolha!


Um abraço ;))

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