acorda
já te desconheço
vê as mãos que não cabem nos bolsos
os tornozelos que rompem meias os cotovelos encaixados na cintura
o amplexo dos braços maior que o diafragma maior do que um beijo
o pescoço erguido como o caule dos lírios
acorda
tens os pés fora dos lençóis a respiração breve
as palmas das mãos abertas como cartas
e sou eu quem já te desconhece
tão distante do pedregal coberto de tojo e de giesta
das pedras lisas onde imaginas o curso de todos os outros caminhos
acorda
caiem ramagens de vinca aguaceiros flores de relento
eu também caio não quero amparo
acorda.
11.5.08
Posted by blue at 10:15 da tarde
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8 comentários:
Despertas-me. É sem dúvida um prazer, ler-te.
acordei um pouco:)... muito para este blog que já conhecia, mas agora "linko"(?)
ai que estou a delirar
o que é que eu fui inventar
são tudo fantasias que o vidente inventou p'ra me assustar...
lindo, sensibilidade nua e crua!
Abração
Lindo! Bom dia blue! ;D
Estou certo que a vão ouvir
acordei... com a beleza do poema...
com os pés dentro dos lençóis...
a palma da mão?
estava aberta, junto à almofada...
Acorda...pode ser um grito, uma voz doce, um lamento. Fico a imaginar como dirias este poema.
~CC~
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