© F.
regresso na hora das empregadas da limpeza
dos serventes de trabalhos distantes
das enfermeiras, das balconistas
e, coberta por uma maquilhagem já poída, não distingo suores
humores fétidos, as roupas engelhadas das mulheres
as mãos sujas dos homens
enquanto o comboio atravessa, uma após outra sem paragem,
estações vazias para as quais não tem passageiros.
regresso na hora das horas exangues
mas tagarelam raparigas
calados os rostos deles contra a janela, eu escrevo
numa actividade lânguida mãos bordam panos de cozinha
toalhas de mesa de renda crescente
casaquinhos minúsculos para crianças ausentes
e o revisor contempla a linha que o devolverá a casa
e que avista pela porta entreaberta em cada estação vencida.
sabendo que me aguardas
no cais mal iluminado onde nos encontrámos, pergunto-me
se a carcassa desta máquina roufenha perder
o registo dos lugares que estruturam o seu percurso
e, por uma outra escuridão fora,
continuar infame liberta desvairada?
10.10.07
Posted by blue at 9:34 da tarde
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13 comentários:
Um texto caótico com imagens tão cotidianas!
Eu gostei muito das fotos.
:)
Beijo!
sabendo que me esperas
que belo
Já não vinha aqui há algum tempo. Demorei-me nas leituras e nas imagens.
Abraço
P.
regresso na hora das horas exangues
____________________
eu tb. e não roubo nada.
a não ser a leitura.
de um texto entreaberto a todas as leituras.
maiuscula. musculada.
deixo um bom dia.
eum beijo.
y.
que bonito...
Ah! Até que enfim.
Excelente!
quando se contempla assim a vida encontramos mais janelas ou portas?
sempre tive esta dúvida.
beijo B.
B.
do Caos, nasce a ordem, e dela resulta a beleza desordenada de uma vida. Texto extraordinário.
Nas estações vazias de verbo mas repletas de sombras que engolem o trilho das vidas em trânsito ...perdidas.
Bj.
"casaquinhos minúsculos para crianças ausentes" (...)
Gostei.
b* (como um sopro. um afago, blue)
isabel
que asSim seja.
por tudo e ainda
por menos, continuar.
---------------------------
aTIentos...
qualquer hora é boa para regressar.
diferentes as de partir...
[e a parte final.
a parte final deste poema...]
tantas noites cabem
numa só noite
tantas vivências,
tantas dormências
por vezes é o alente
outras ... o desalento
saber que alguém os espera!
Gostei deste passeio pelo azul da
tua noite escura
beijo
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