(tinta-da-china e tinta permanente sobre papel, anos 80)
agora que tento abandonar o disfarce pelas palavras
como um jogo de mãos entumecidas de desejo
incapazes de arrancar a descoberta do teu corpo
eis-me incapaz de jogar a sedução,
obcecada por uma verdade que abandona tudo, que me destrói,
que desvanece os sinais indecifráveis, misteriosos,
que o teu vulto seco destacava do meu rosto transformado em intempérie descontrolada,
desamparada.
( outrora havia fadas que, no volver de um olhar,
cobriam belas mulheres de tecidos diáfanos. e havia o mar.
este movia-se lentamente na distância que desenhava o olhar das mulheres.
como uma lágrima.
e havia sempre um e só velho amor...)
hoje, como sempre, perco as noites para contar estrelas,
outras para adivinhar o contorno da lua.
todas as noites à espera de te reencontrar.
9.4.07
Posted by blue at 10:58 da tarde
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2 comentários:
já não sei bem se foi escrito em meados dos anos oitenta, ou se em noventa e dois, talvez seja de ambos esses tempos.
e não me apetece revisitar os velhos cadernos para uma datação mais segura...
que importa?
importam as palavras. estas.
e a excelência do traço. aguado.
belíssimo. como sempre.
um beijo.
de até breve.
(piano)
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