9.4.07


(tinta-da-china e tinta permanente sobre papel, anos 80)

agora que tento abandonar o disfarce pelas palavras

como um jogo de mãos entumecidas de desejo
incapazes de arrancar a descoberta do teu corpo
eis-me incapaz de jogar a sedução,
obcecada por uma verdade que abandona tudo, que me destrói,
que desvanece os sinais indecifráveis, misteriosos,
que o teu vulto seco destacava do meu rosto transformado em intempérie descontrolada,
desamparada.

( outrora havia fadas que, no volver de um olhar,
cobriam belas mulheres de tecidos diáfanos. e havia o mar.
este movia-se lentamente na distância que desenhava o olhar das mulheres.
como uma lágrima.
e havia sempre um e só velho amor...)

hoje, como sempre, perco as noites para contar estrelas,
outras para adivinhar o contorno da lua.

todas as noites à espera de te reencontrar.

2 comentários:

blue disse...

já não sei bem se foi escrito em meados dos anos oitenta, ou se em noventa e dois, talvez seja de ambos esses tempos.
e não me apetece revisitar os velhos cadernos para uma datação mais segura...

Anónimo disse...

que importa?




importam as palavras. estas.



e a excelência do traço. aguado.


belíssimo. como sempre.


um beijo.

de até breve.


(piano)

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