5.3.07

refugiei-me na tua voz que,
por entre as outras vozes (surdas)
e o chocalhar das luzes da sala,
pode devolver-me a certeza de que me levarias para tão longe
que nunca saberia como regressar.

dias antes,
caminhara pelo curso do meu vulto perseguido pelos teus passos,
cadência de olhares furtivos de outras horas:
adivinhei então o tombo vertiginoso dessas águas,
cíclico como todas as marés,
embriagado de brumas apetecidas,
de onde só às vezes adivinho como regressar.

já há muito que não tomavas os meus olhos
com os teus olhos,
assim firmes sobre os teus lábios
dizendo que vieras para me levar

(sei, porém, que trazes em mim a morte)

e eu


quero saber sempre como regressar.

1 comentário:

blue disse...

um outro dos anos 90.

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