sentei-te no meu colo onde te aninhaste, outra vez pequenina.
sombras na arcaria em contraponto dão-nos cascatas de harmonias
caídas como a luz perdida dos petardos de ano novo e nós escutamos
caules ávidos
os olhos translúcidos como taças
corolas de fragor antigo nas paredes, flores de talha
voluptuosas e sombrias sobre o vidrado da geometria moçárabe
assinalando altares, o verso da porta de pedra imaculada
indicando o poente
e eu abracei-te no meu colo, outra vez pequenina
e foi lá que nos embalei por tonalidades misteriosas
cantos masculinos sobre um perdido deus menino
como quem se embala num navio assolado por vagas obscuras
e imensas
as tuas mãos mergulhadas nas minhas,
feitas ouro, incenso e mirra
em dia de música, em dia de reis
onde a esperança é o lugar deste abraço tão apertado
a nossa pequena e luminosa história.
hoje não tocaram alaúde, violeta ou sanfona
a pedra era pedra sob a cerâmica
ou sob o oiro vegetal da talha
e o arcabouço da velha sé albergou vozes como cordas
olhares como caixas de som
ecos doutros tempos adormecidos.
8.1.07
Posted by blue at 7:38 da tarde
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3 comentários:
Puer
Recital de canto gregoriano e polifonia do Tempo de Natal
Coimbra, Sé Velha, 6 de janeiro de 2007
Concerto para Acreditar, pela Capela Gregoriana Psalterium
"a UC está a acreditar"
é uma iniciativa de um grupo de colaboradores da Universidade de Coimbra, apoiada institucionalmente, que pretende mobilizar a comunidade em torno de um objectivo: apoiar a construção de uma casa de acolhimento para crianças com cancro, em Coimbra.
(texto retirado do programa do concerto)
Lindíssimo! Obrigada, Blue.
A UC está a Acreditar agradece, acredita.
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