23.11.06


(novembro 2006)

a tarde à espreita.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Deixa-te levar pela criança que foste. O Livro dos Conselhos"

"Às vezes pergunto-me se certas recordações são realmente minhas, se não serão mais do que lembranças alheias de episódios de que eu tivesse sido actor inconsciente e dos quais só mais tarde vim a ter conhecimento por me terem sido narrados por pessoas que neles houvessem estado presentes, se é que não falariam, também elas, por terem ouvido contar a outras pessoas".

José Saramago, As Pequenas Memórias

blue disse...

ontem escrevi num outro lugar que as palavras aqui reunidas desenham referenciais para que não me perca de mim própria.
a partir de que momento é que deixam de ser apenas a minha visão sobre um acontecimento ou um evento?
certemente desde que outro alguém as percorre.
e há palavras - imagens, acontecimentos, recordações - de que me socorro para estabelecer os tais referenciais da minha memória.
por isso há coisas que sabemos - ou reconhecemos - ainda que elas sejam relatadas por um outro.
essa empatia com um escritor, um poeta, um cineasta, um pintor, um jardineiro, enfim, com alguém que comunica, é determinante para a relação estabelecida. é determinante, fascinante, emociona, vai ao fundo de nós sem que o possamos impedir...
e por isso há relações (identificações) tão fortes e sem explicação imediata.

para ti, homem da ciência, fica uma outra conjectura:
não se tratará também do nosso património genético comum?

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