14.3.10

nenhum lugar após o outro
casebres barracas taludes secretárias vazias
busco a paragem não tenho tempo de respirar
nas mãos pesam-me os cadernos curvam-se-me as omoplatas
folhas sem mácula estreitam-me a faringe
imprimem-me no colo o seu esqueleto cravam radículas e eu
para me libertar componho fonogramas
outras vezes visualizo
pequenas tábuas escurecidas com tintas a óleo imagino-me
sentada na asa de uma sombra de pincel na boca
as mãos sujas de pigmentos
azul de Prússia
rosa cal
terra de Siena queimada
sanguínea
imobilizo-me observo-te em crescente distância
não sei como remover estorvos
componho o vestido desgasto-me
circular tão circular não digo o que sinto
não quero escrever não quero recomeçar
não quero prosseguir estrada fora ainda.


11 comentários:

Unknown disse...

muito belo! bj
pt

CCF disse...

As tuas palavras ecoam cá dentro.
~CC~

ci disse...

gostava de saber fazer isto que fazes tão bem, blue, e, sim, ficam a ecoar...

Filipa Júlio disse...

deslumbrante, i.e., que deslumbra.

CNS disse...

Belíssimo. Como sempre.

Scarlata disse...

Bello... ;D

the dear Zé disse...

Eu já cá vim antes e não disse nada.
Voltei, e também não disse nada.
Agora continuo a não querer estragar com as minhas palavras desastradas,por isso também não vou dizer nada.

Unknown disse...

'Lindíssimo o seu escrito e encantadora a imagem, parabéns...Abraços.

a vida é larga disse...

lindo !

Maria José disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria José disse...

Lovely flowers from a lovely girl!

A huge kiss!

Zé Ramos

PS: This is the address of someone you know very well
Cláudia Toriz Ramos"

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