17.11.09

domar o incómodo reajustar a maquilhagem
o aperto de circunstância
nas relações contratuais ser o próximo assalariado sê-lo com
diligência transparência ensejo
assegurar o cumprimento da missão
reanimar activos moribundos ah um amor moderno é esse assim
do tipo que tem uma cozinha ikea
uma rede social em cada tecla
tarefas executadas com eficácia e presteza
as crianças no colégio os leasings garantidos
as compras do mês asseguradas

ah um amor moderno o meu
distrai-se coitado agita-se crédulo
contradiz-se pensa que vestir no dia da vernissage
como lhe ficaria bem um par de sapatos vermelhos
ser Dorothy no tabuado da galeria
um bolso de recensões literárias

ah um amor moderno cheio de culpa contemporânea.

7 comentários:

blue disse...

com a devida vénia ao Beck e aos Bloc Party.

Filipa Júlio disse...

o problema é ter uns sapatos vermelhos e não saber bater os calcanhares porque o google não explicou como

António disse...

Wellcome back, Blue.

blue disse...

nice to have you both here
:)

Laura Ferreira disse...

ah mais um que tanto gostei e com o qual me identifiquei...

Susana Miguel disse...

um beijinho, blue. gostei muito deste amor moderno cheio de culpa contemporânea;)

the dear Zé disse...

Olá
Não me conheces e não faz mal, não é preciso. Vim aqui ter assim à deriva, por esta coisas dos blogues, a partir do t.o.o.l
Só quero dizer que gostei, estou a gostar, imenso deste poema. Só isso.
Se calar estou a abusar, mas olha, disse.

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